terça-feira, 19 de maio de 2009

Grupo B

Universidade Federal do Espírito Santo
Departamento de Desenho Industrial
Centro de Artes

Comunicação & Informação – Seminário nº2

Pré-Cinemas: As Origens do Cinema

A partir da leitura do texto indicado para o seminário, podem-se observar diversas influências na história do cinema; principalmente a falta de uma linearidade historicista. De acordo com muitos, ou como foi convencionado, o cinema nasceu em 28 de Dezembro de 1895; quando os irmãos Lumière fizeram demonstração do seu aparelho, que mais tarde ficou conhecido como cinematógrafo. A desconstrução dessa idéia começa quando alguns estudiosos dizem que o cinema não possui data de nascimento, pois nem sequer alcançou “maturidade” suficiente para ser conhecido como cinema, por falta de registros idéias, de forma sucinta, seja esse registro escrito, filmado ou fotografado.
Tudo isso se dá, pois de acordo com estudiosos como Sadoul, Deslandes e outros, as técnicas que fizeram com que o conhecemos como cinema nascesse, não passem de truques visuais que dispersam e mascaram a “realidade”, transformando em outra realidade; como acontecia com as experiências de fantasmagoria por exemplo. Além disso, sabe-se que todas as possíveis influências para o surgimento desses “brinquedos” se dá a milhares de anos atrás, ainda no paleolítico e mais tarde na China. Sabe-se que o ideal cinematográfico nasceu das necessidades fundidas da ciência com o entretenimento. O cinema e a ciência “se namoram” desde o principio quando o cinematógrafo, supriu a necessidade que alguns estudiosos precisavam para decompor movimentos de animais e figuras, por exemplo. Foi aí então as projeções ganharam grande avanço, devido a essa demanda dos cientistas que visavam o uso de aparelhos para projeção e decomposição de movimentos.
Já no mundo do entrentenimento, o universo cinematográfico (entenda universo cinematográfico, como todas as experiências dos pré-cinemas e o cinematógrafo em si) ganhou muito mais importância, pois desde o século XVII o homem veio fazendo experimentações voltadas para esse mundo. No século XIX, os espetáculos de magia deram o clima de como o cinema se inseriria na sociedade; começando com as experiências que os espectadores possuíam préviamente com objetos como o fenaquisticópio, por exemplo. Então devido as características adquiridas por esses pré-cinemas, mais tarde o universo cinematográfico adquiriu caráter de indústria cinematográfica.

A Caverna e o Lanterninha

A alegoria da caverna de Platão é considerada a 1ª “sessão de cinema” (dois mil anos antes dos irmãos Lumiére).
O princípio do mito da caverna é a separação entre a representação do mundo sensível do homem e a consciência de uma realidade supra-sensível. As sombras projetadas na caverna são apenas simulacros da realidade. Essa idéia depois evolui: a caverna seria o nosso mundo, o mundo em que vive o homem (mundo dos sentidos) e o exterior seria a realidade.
A caverna é a zona que separa a aparência da essência, o sensível do inteligível, a imagem da ideia, o simulacro do modelo. A projeção das sombras seria igual a um “cinema”, ou seja, a separação em “compartimentos” daquilo que subverte a realidade, assim como são as salas de cinema hoje em dia.
O autor compara Platão à imagem do Lanterninha em duas acepções:
1. Lanterninha como aquele que tem a luz, ou seja, a razão, o conhecimento.
2. Lanterninha como aquele que vigia a sala escura, ou seja, cumprindo uma função ordenadora e civilizatória.
Platão seria o prisioneiro da caverna que se libertou e agora sabe da verdade.
Arlindo Machado compara a alegoria da caverna com um grande dispositivo teatral ou cinematográfico. Sua luz é artificial e ilumina os espectadores acima de suas cabeças, entre o dispositivo e os espectadores há um pequeno muro, projeta imagens de outras imagens (simulacro/representação) e até utiliza a voz. Todas essas carcterísticas se assemelham ao cinema falado que conhecemos.
A cena da caverna possui um sentido crítico: horror à razão dos sentidos, porém ela manifesta o desejo de se criar um dispositivo tal qual é mostrado na alegoria.
O lado de fora da caverna é o lado da razão, da verdade, ou seja, o lado do filósofo, o lado de Platão. Assim sendo, Platão estaria do mesmo lado das pessoas que fabricam o espetáculo.
Se ainda não está claro no texto de Platão que há um desejo de fabricação de um dispositivo que “imite a realidade” e que assim consiga atrair e seduzir multidões, não restam dúvidas de que esse é o motivo principal da origem e da evolução técnica do cinema. O mito da caverna seria então o texto de um significante de desejo que atormenta a invenção e a história do cinema.

A Quarta dimensão da Imagem

O conceito de anamorfose, que transmite a idéia de algo amorfo, sem forma, ou no caso em particular pelo fato da sobreposição de imagens em seqüência que começara a serem utilizadas durante o renascimento, com a alteração dos pontos de fuga, ou até mesmo inserções de outros e afastamento dos mesmos, causando distorções e perversões da imagem, vem da base da teoria da relatividade de Einstein trazendo o tempo como a quarta dimensão.
É possível perceber isso em um estudo minucioso de um objeto aparentemente de representação estática como a fotografia. É válido citar o exemplo clássico da fotografia de fórmula 1 no qual a fotografia está a mercê da velocidade em que o diafragma se abre e fecha, durante a corrida, com o passar do tempo, percebeu-se que tentar “congelar” o momento de um carro passando parecia improvável. Posteriormente, com câmeras mais apropriadas, conseguiu-se focalizar finalmente o carro, contudo ao reparar o fundo da fotografia, era possível notar que a platéia não estava somente fora de foco com era esperado, mas também distorcida. Isso acontece por que o obturador em formato de cortina da câmera à medida que acompanha o carro vai varrendo a imagem e, portanto, durante o gatilho da câmera, fixada no movimento das pernas dos espectadores, por exemplo, estava numa posição, mas ao chegar às cabeças já estava em outra por conta da tremulação do operador da máquina, fazendo assim o efeito inclinado, que é usado até hoje para representar figuras que indiquem velocidade.
Outro efeito realizado é a sobreposição de quadros na mesma imagem em um estudo feito causando que o movimento de um cavalo que teria normalmente quatro patas passasse a ter vinte na sua sobreposição durante o galope e questionando, de maneira séria até, se o cavalo não teria mais membros ou viria a tê-los durante esse processo e que não seria uma teoria de que tudo é estável nossa não aceitar isso. Seria a dissolução dos corpos.
Tornando o efeito cronotópico um processo limitado no cinema, uma vez que este tenta passar uma história linear em seqüência de imagens desagrupadas, tal como nos makemonos (rolos horizontais orientais) que narram uma história seqüencial ao longo do papel em vistas panorâmicas, diferente da Cronotopia que é um efeito que pode ser desmembrado ao ponto de que um instante pode simplesmente possa ser intransponível, uma vez que se limite a velocidade da luz para ser capturado. Como na imagem eletrônica que só é possível graças à repetição de pulsação de elétrons que se repetem trazendo as formas ininterruptamente, dando a idéia de movimento (ou não) a um instante.

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